Curso realizado na Casa Mário de Andrade. Vídeos privados.
Oficina: Ações artísticas para uma cidade (im)possível
4 encontros de 3 horas cada
Local: Os encontros da oficina serão feitos em São Paulo, no espaço cultura @casadazica
Serão selecionadas 10 pessoas através de currículo e carta de interesse por e-mail.
Trata-se de um curso que visa promover um olhar e uma atenção sobre a cidade de São Paulo a partir da presença da água no espaço urbano e estimular suas possibilidades de uso através de estímulos de ações utópicas ou reais para a cidade.
Iniciando pelo reconhecimento da história da metrópole ligada aos seus cursos d’água, passando pela identificação da existência de rios “invisíveis” por toda a mancha urbana e chegando na observação da presença de água limpa aparecendo e correndo aqui e ali por toda a cidade, esse curso visa levar os participantes a terem uma outra percepção da cidade, uma outra experiência de observar e pensar a cidade e a si próprio em seu interior.
Identificar o relevo recoberto por asfalto e concreto, os possíveis caminhos de cursos d’água, as águas limpas que insistem em brotar e correr pelas sarjetas, são alguns dos efeitos da mudança de olhar que o curso propõe. Daí em diante abre-se um grande campo de possibilidades de pensar e diferentes maneiras de como a cidade pode/poderia lidar com essa realidade aquática que a constitui.
A ideia é também apresentarmos algumas ações que visam lidar com essa realidade aquática da metrópole de modo diferente do que se fez até então. Mostraremos o trabalho de alguns grupos, em especial o do (se)cura humana, que visam tornar perceptível a riqueza aquática da cidade, apontando para um futuro no qual essas águas farão parte da vida urbana, mas antes disso criando um presente onde a vivência dessas águas já se torna realidade. E todo esse encontro visa despertar para ações que o participante possa realizar, seja ele o mais absurdo, flutuando no campo da utopia e da poesia, ou até mesmo criando ações concretas e possíveis soluções para integração da água na cidade.
Ailton Krenak (2020, p. 109): “Nós precisamos ter coragem de ser radicalmente vivos, e não ficar barganhando a sobrevivência”.
Banksi: "É sempre mais fácil conseguir perdão do que permissão"
Dia 01:
1° encontro – Apresentação de trabalhos do coletivo (se)cura humana
Apresentação do curso e o trabalho de seus dois coordenadores, com foco central nas ações do coletivo (se)cura humana, o qual atua na cidade por meio de ações performáticas e instalações que trazem a nossa realidade aquática à tona.
Com Wellington Tibério e Flavio Barollo
- Exposição da proposta;
- Reconhecimento do grupo;
- Apresentação da história da metrópole ligada aos seus cursos d’água, passando pela identificação da existência de rios “invisíveis” na cidade;
- Debate sobre a questão da água na cidade;
- Tensão entre arte e natureza;
- Apresentação das ações do Coletivo (se)cura humana e outras que visam lidar com a realidade aquática da cidade.
- Exibição de vídeos e fotos da trajetória do grupo.
Ferramentas artísticas utilizadas:
• Performance
• Escultura urbana
• Videoperformance
Dia 02
2° encontro – Estranhamento e espanto
Dimensão sobre o estado da arte diante do espanto e estranhamento dos padrões de sociedade atual. Panorama dos trabalhos artísticos que vem se desenvolvendo nesse campo entre cidade e natureza.
Com Wellington Tibério e Flavio Barollo
- Apresentação do conceito de artivismo
- exibição de material de referência de outros artistas, movimentos, coletivos, intervenções realizadas ao redor do mundo;
- reflexão e discussão sobre os trabalhos.
Artivismo é um neologismo conceptual ainda de instável consensualidade quer no campo das ciências sociais, quer no campo das artes. Apela a ligações, tão clássicas como prolixas e polémicas entre arte e política, e estimula os destinos potenciais da arte enquanto ato de resistência e subversão.
Artivistas que serão arbodados:
• Banksi Dismaland
• Paulo Ito - grafite
• Mundano - grafite
• Ai Wei Wei
• Arnaldo Antunes - música
• Chico Cesar - música Agronegocio
• Borat de Sacha Baron Cohen - cinema
• A Ultima Floresta de Luis Bolognese - cinema
• Berna Reale - Dançando na Chuva - performance
• Cia do Tijolo – Concerto de Ispinho e Fulô - teatro
• Desvio coletivo - Cegos - performance
• Lastesis - Violador - performance
• Opavivará Chuvaverão - performance
• Inhotim - Mathew Barney Lama Lamina - instalação
• Eduardo Srur - instalações
• Craca - Auscutador de rios submersos - instalação
• Praça da Nascente
• Hortas Corujas
PERGUNTAS:
• Qual o limite que uma ação para ser declarada e considerada artística no campo do artivismo ligado ao meio ambiente?
• Esse percurso de um ativista ligado às artes atuar e se auto denominar artivista?
• Artivismo e arte educação caminham juntos?
• Qual mapeamento de artistas em torno do assunto meio ambiente/arte vocês encontraram durante os processos curadoria e pesquisa de mestrado?
• Que impacto real você considera relevante destacar para produções artísticas no campo da bio política?
• Como é possível os artistas contribuírem para a propagação de consciência e práticas sustentáveis à continuidade do planeta ou no sentido de adiar o fim do mundo?
• O que te move nas artes (estética, política, engajamento)?
• Estado de urgência
Dia 03
3° encontro – Temporalidade e escala
Apresentação de experiências criam protótipos no espaço urbano, que antecipam um futuro que nunca chega, para que no presente consigamos vislumbrar uma nova realidade, mesmo que seja em pequena escala, mas se que seja possível materializar o futuro no tempo presente.
Com Wellington Tibério e Flavio Barollo
- Os conceitos de Jardinagem tática, biopolítica, descolonização, urbanismo, paisagismo critico, arte relacional, performance, intervenção urbana;
- Arte como disparador de novas percepções;
- Será lançado o desafio aos participantes para provocarem alguma solução, por mais absurda que seja, que flutue no campo utópico e poético, mas também alguma ação concreta, que próprio participante possa realizar até o quarto encontro, se possível.
PERGUNTAS:
• Atingem as massas, mas como mobilizar as a agirem em prol de construção?
• Como vislumbram o poder transformador da arte?
• Como lidam com capital humano nas ações?
• Ferramentas da arte como explosão
Dia 04
4° encontro – Brechas e guerrilhas
Apresentação de experiências que cutucam as brechas do espaço urbano, com a participação de ativistas cujo trabalho fica no limite entre o didático e o poético, tornando visível uma cidade soterrada e escondida na perspectiva de semear sonhos de uma outra cidade.
Com Wellington Tibério e Flavio Barollo
- Exposição das ideias de ações de cada participante;
- Exposição dos materiais que alguns participantes possam ter produzido de saídas a campo;
- Avaliação e fechamento do curso
Exemplo de ocupação coletiva:
TAZ”, ou Zona Autônoma Temporária, é a produção de espaços reais e virtuais efêmeros por meio da criação coletiva, nômade e não-hierarquizada. A TAZ propõe formas desterritorializadas e reterritorializadas de ação libertária e de conflito.
Responsáveis pelo curso (breve currículo)
Flavio Barollo
Membro do coletivo (se)cura humana. Formado como engenheiro civil pela FAAP. Ator pelo Indac. Especialista em direção teatral pela Escola Superior de Artes Célia Helena, sob orientação de Antônio Araújo. Estudos da performance na PUC e USP. Tecnologias e videomapping no campo do audiovisual. Práticas de permacultura e tratamento ecológico de esgoto doméstico. Dentre os trabalhos: Vídeo e performance Piscina Regan no Deserto, realizada na represa do Sistema Cantareira (2015), rua 25 de março, Largo da Batata, Vale do Anhangabaú, passando ainda por festivais internacionais em Bogotá (Colômbia), Estocolmo (Suécia) e Berlim (Alemanha); realizou a performance Mergulho no Rio Tietê (2015), com dois mergulhos no quinto rio mais poluído do mundo, o Rio Tieté, em São Paulo; exposição audiovisual, musical e fotográfico de “Vidas Secas SP”, realizando expedições pelas represas secas de São Paulo.
Wellington Tibério
Professor de Geografia a cerca de 13 anos. Músico (percussionista), fundador e integrante do grupo Coração Quiáltera (2000/12), com shows e CD “Concerto dos Irregulares Tempos” (2006) e “Sementeira – Sons da Percussão” (2010), em parceria com Caíto Marcondes, Marcos Suzano e Naná Vasconcelos. É co-fundador do bloco carnavalesco Água Preta. Ativista/Artista urbano, fundou o coletivo Ocupe e Abrace, que atua na Praça na Nascente, a tática Hezbolago, prática de escavação de lagos e criação de novos espaços aquáticos na cidade, o Parque Aquático Móvel, performance de experimentação das águas da cidade, e o coletivo da Travessa, que realiza a ocupação da Travessa Roque Adóglio, Vila Anglo Brasileira, São Paulo.
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